quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013


Arte e tecnologias contemporâneas
     Em meio às transformações culturais provocadas pelas tecnologias contemporâneas, a arte, como reflexo instantâneo da cultura e ao mesmo tempo sua produtora vem se apresentando em novos formatos, novos suportes e novos conceitos. Há um pensamento de que a arte está sempre à frente do seu tempo. Buscando novas formas de expressão, o artista sai à frente explorando as tecnologias e abre, muitas vezes, caminhos para profissionais de outras áreas ao explorar linguagens, formatos e suportes novos. Sob este ponto de vista, podemos nos referir ao cinema e à fotografia e às várias formas de expressão que tardiamente foram reconhecidos como arte. Os artistas não foram seus inventores, mas exploradores de possibilidades expressivas. Eisner (1973) já afirmava muito antes do surgimento dos recursos tecnológicos hoje disponíveis que “artistas e escritores buscam novos meios artísticos para exprimir novas realidades”.  Na atualidade, as formas de expressão artística são muitas e recebem denominações que ainda não se pode classificar devido à sua contemporaneidade. É a arte feita a partir dos recursos digitais. Será preciso um tempo maior para analisá-la e estudá-la em seu conjunto e contexto contemporâneo.  Sob denominações diversas, as artes eletrônicas/digitais estão cada vez mais presentes em nosso meio e é preciso considerá-las estudando suas ramificações e especificidades. Arlindo Machado [4] em seu artigo Arte e tecnologia no Brasil: uma introdução (1950-2000) faz um questionamento: “Por que o artista de nosso tempo recusaria as tecnologias contemporâneas?”. Machado traz ainda algumas possíveis denominações de tipologias de arte sobre as quais se aglutinam os grupos de artistas que atuam com as artes tecnológicas. São elas: “arte-comunicação, arte em meios digitais, arte holográfica, arte na rede, hibridismos/intermídias, interação arte-ciência, música eletroacústica, poesia e novas tecnologias, vídeo-arte e vídeo instalação”.
   
Tecnologias contemporâneas e o ensino de arte

Diante dessa nova realidade no campo das artes é preciso que instituições culturais, que também tem o compromisso com o ensino, revejam seus programas e projetos de ensino/aprendizagem. Tanto no que diz respeito ao conteúdo a ser trabalhado em artes como em relação aos recursos utilizados para esse fim. Em ambos os casos é preciso incorporar as tecnologias contemporâneas. Não há como ignorar a realidade e o contexto atual. A arte vive uma nova realidade e explora novos meios embora ainda nos deparemos com uma situação inadequada no ensino das formas de arte que nos apresentam até então. Professores despreparados, instituições desinteressadas e a própria história do ensino das artes, em especial no Brasil, são reflexo de situações políticas e de descaso. Há ainda o desconhecimento do público em geral em relação à própria arte, mesmo a mais tradicional e clássica. Eisner (1973) nos mostra que esse não é um assunto novo. Segundo ele, “a discrepância é alarmante. De um lado, a necessária busca de novos meios para exprimir novas realidades, [...] de outro lado, massas de seres humanos para os quais mesmo a velha arte é algo de inteiramente novo, seres que ainda não aprenderam a distinguir o bom do ruim, seres cujo gosto artístico ainda está por se formar, cuja capacidade de apreciar as qualidades artísticas precisa ser desenvolvida”. Na opinião de Terezinha Franz [5] em seu artigo Mediação cultural, artes visuais e educação, a “Arte é uma das áreas que mais vem sofrendo os impactos da revolução tecnológica. Por este motivo, não só a prática artística como a arte-educação vem enfrentando grandes desafios”. Ela discute as dificuldades que os profissionais dessas áreas têm diante de dúvidas e questões que necessitam de respostas, mas não são frequentes as oportunidades efetivas de avaliar sua própria prática e refletir com profundidade sobre ela, enquanto trabalho. Franz ainda supõe que “isso acontece, em grande parte, pela sensação de isolamento dos arte-educadores, geralmente em pouco número nas instituições educacionais”. Mas o uso da própria tecnologia, a internet, pode ser ferramenta de troca e aprendizagem de professores a partir da disponibilização de projetos, e processos já vivenciados. O espaço da internet aponta para o ensino da arte contemporânea de forma colaborativa, em parceria, coletiva e intercultural. Pierre Levy (1999), atenta para os novos paradigmas de aquisição e de constituição de saberes. Segundo o autor, a direção mais promissora, que por sinal traduz a perspectiva da inteligência coletiva no domínio educativo, é a da aprendizagem cooperativa.