Arte e tecnologias contemporâneas
Em meio às transformações
culturais provocadas pelas tecnologias contemporâneas, a arte, como reflexo
instantâneo da cultura e ao mesmo tempo sua produtora vem se apresentando em
novos formatos, novos suportes e novos conceitos. Há um pensamento de que a
arte está sempre à frente do seu tempo. Buscando novas formas de expressão, o
artista sai à frente explorando as tecnologias e abre, muitas vezes, caminhos
para profissionais de outras áreas ao explorar linguagens, formatos e suportes
novos. Sob este ponto de vista, podemos nos referir ao cinema e à fotografia e
às várias formas de expressão que tardiamente foram reconhecidos como arte. Os
artistas não foram seus inventores, mas exploradores de possibilidades expressivas.
Eisner (1973) já afirmava muito antes do surgimento dos recursos tecnológicos
hoje disponíveis que “artistas e escritores buscam novos meios artísticos para
exprimir novas realidades”. Na
atualidade, as formas de expressão artística são muitas e recebem denominações
que ainda não se pode classificar devido à sua contemporaneidade. É a arte
feita a partir dos recursos digitais. Será preciso um tempo maior para
analisá-la e estudá-la em seu conjunto e contexto contemporâneo. Sob denominações diversas, as artes
eletrônicas/digitais estão cada vez mais presentes em nosso meio e é preciso
considerá-las estudando suas ramificações e especificidades. Arlindo Machado
[4] em seu artigo Arte e tecnologia no Brasil: uma introdução (1950-2000) faz
um questionamento: “Por que o artista de nosso tempo recusaria as tecnologias
contemporâneas?”. Machado traz ainda algumas possíveis denominações de
tipologias de arte sobre as quais se aglutinam os grupos de artistas que atuam
com as artes tecnológicas. São elas: “arte-comunicação, arte em meios digitais,
arte holográfica, arte na rede, hibridismos/intermídias, interação
arte-ciência, música eletroacústica, poesia e novas tecnologias, vídeo-arte e
vídeo instalação”.
Tecnologias contemporâneas e o ensino de arte
Diante dessa nova realidade
no campo das artes é preciso que instituições culturais, que também tem o
compromisso com o ensino, revejam seus programas e projetos de
ensino/aprendizagem. Tanto no que diz respeito ao conteúdo a ser trabalhado em
artes como em relação aos recursos utilizados para esse fim. Em ambos os casos
é preciso incorporar as tecnologias contemporâneas. Não há como ignorar a
realidade e o contexto atual. A arte vive uma nova realidade e explora novos
meios embora ainda nos deparemos com uma situação inadequada no ensino das
formas de arte que nos apresentam até então. Professores despreparados,
instituições desinteressadas e a própria história do ensino das artes, em
especial no Brasil, são reflexo de situações políticas e de descaso. Há ainda o
desconhecimento do público em geral em relação à própria arte, mesmo a mais
tradicional e clássica. Eisner (1973) nos mostra que esse não é um assunto
novo. Segundo ele, “a discrepância é alarmante. De um lado, a necessária busca
de novos meios para exprimir novas realidades, [...] de outro lado, massas de
seres humanos para os quais mesmo a velha arte é algo de inteiramente novo,
seres que ainda não aprenderam a distinguir o bom do ruim, seres cujo gosto
artístico ainda está por se formar, cuja capacidade de apreciar as qualidades
artísticas precisa ser desenvolvida”. Na opinião de Terezinha Franz [5] em seu
artigo Mediação cultural, artes visuais e educação, a “Arte é uma das áreas que
mais vem sofrendo os impactos da revolução tecnológica. Por este motivo, não só
a prática artística como a arte-educação vem enfrentando grandes desafios”. Ela
discute as dificuldades que os profissionais dessas áreas têm diante de dúvidas
e questões que necessitam de respostas, mas não são frequentes as oportunidades
efetivas de avaliar sua própria prática e refletir com profundidade sobre ela,
enquanto trabalho. Franz ainda supõe que “isso acontece, em grande parte, pela
sensação de isolamento dos arte-educadores, geralmente em pouco número nas
instituições educacionais”. Mas o uso da própria tecnologia, a internet, pode
ser ferramenta de troca e aprendizagem de professores a partir da
disponibilização de projetos, e processos já vivenciados. O espaço da internet
aponta para o ensino da arte contemporânea de forma colaborativa, em parceria,
coletiva e intercultural. Pierre Levy (1999), atenta para os novos paradigmas
de aquisição e de constituição de saberes. Segundo o autor, a direção mais
promissora, que por sinal traduz a perspectiva da inteligência coletiva no
domínio educativo, é a da aprendizagem cooperativa.